1.b) Mecânica Quântica ou Física Quântica
Antes de expor as propostas da Mecânica Global é conveniente entender o que é a Mecânica Quântica, o seu desenvolvimento e as suas limitações ou fraquezas. Todo isso do ponto de vista não acadêmico e dirigido tanto a expertos neste ramo da Física de Partículas Elementares como ao público em geral.
O fato de eu não ser uma cientista especializada tem uma vantagem: a minha perspectiva coincidirá bastante com as perguntas que se pode fazer um leitor médio sobre o conteúdo e significado da Mecânica Quântica.
As ideias mais relevantes sobre o desenvolvimento e evolução da Física Quântica, depois de um extenso passeio pela Wikipédia, podem agrupar-se nas seguintes:
Origem histórica.
A Mecânica Quântica surgiu nos anos 20 do século XX com as primeiras teorias sobre a estrutura do átomo e as suas partículas elementares por causa, precisamente, do efeito fotoelétrico explicado por Einstein, dando um passo em frente na aproximação física do conceito da constante de Planck.
Contexto cientifico inicial.
Eu acho que há dois aspectos fundamentais que marcam a Mecânica Quântica do ponto de vista científico. Por um lado, tinha-se descartado totalmente a existência do famoso éter proposto por René Descartes como meio suporte da luz e, por outro, estava a acabar de ser aceite a Teoria da Relatividade de Einstein.
A rigidez na não existência do éter formulado pela teoria da Mecânica Clássica vai impedir a Física de Partículas de explicar as forças da gravidade de uma maneira lógica e vai condená-la a uma justificação matemática da realidade física.
Ao mesmo tempo, pois os dois efeitos necessitam um ao outro, a aceitação pela ciência do conceito de relatividade do tempo obriga a mudar a própria filosofia da ciência, que acabará por transformar-se em filosofia da técnica e da utilidade em vez de conhecimento lógico-objetivo.
Evolução.
O grande passo da teoria da Mecânica Quântica foi estabelecer uma limitação no conhecimento físico da época com o Princípio de Indeterminação de Heisenberg, de forma que a partir da referida limitação se pudessem criar estruturas lógico-matemáticas da realidade.
Segundo se foi observando a natureza ou realidade física foram-se designando nomes e criando leis para explicar o seu comportamento. Por isso, duas das coisas que mais chocam da Física Quântica são a quantidade de nomes sem nenhuma estrutura lógica, em oposição aos nomes da química orgânica, e as numerosas leis ou princípios, com os seus respectivos nomes, que definem a realidade.
Ou seja, as coisas acontecem porque assim o dizem os princípios, princípios ou leis normalmente de caráter descritivo e carentes de lógica física.
Obviamente, os princípios e as leis cumprem-se até que se observa uma violação dos mesmos e se criam novas leis e princípios para limitar essas violações, com novas teorias e os correspondentes nomes das violações, os novos princípios e as mencionadas teorias.
Desenvolvimento tecnológico quântico.
Ao contrário das poucas aplicações práticas da Teoria da Relatividade, este ramo da ciência é o responsável pelo tremendo desenvolvimento tecnológico do século XX em eletrônica e sistemas da comunicação, com todas as implicações sobre a ciência e a economia em geral.
Contexto científico atual.
A explicação matemática da realidade saltando a lógica mais elementar acaba por pagar-se e criar limites artificiais ao desenvolvimento da ciência e, o que é ainda pior, se estabelece o hábito de aceitar como ciência o que não tem nada que ver e que a mim me soa a bruxaria e me lembra os antigos feiticeiros.
Na teoria da Mecânica Quântica convivem bastantes teorias “científicas”. Desde o início, com a corrente denominada Interpretação de Copenhague, foram-se incorporando numerosas teorias à medida que se descobriam novas características da estrutura da matéria e as novas possibilidades que se abriam.
Entre essas teorias podemos citar a Teoria Quântica de Campos (QFT por Quantum Field Theory) e dentro dela a Eletrodinâmica Quântica (QED acrônimo de Quantum Electrodynamics) e posteriormente a Cromodinâmica Quântica (QCD por Quantum Chromodynamics).
Na Wikipédia, para justificar a bondade do Modelo Standard diz-se que até à data se comprovou a existência de todas as partículas do mesmo. O que não está de todo claro é que o Modelo Standard se tenha desenvolvido para explicar as observações realizadas com escassos avanços no modelo em relação às observações, como é o caso do bóson de Higgs.
Devido à incompatibilidade entre a Mecânica Quântica e a Teoria da Relatividade surgiram várias teorias de unificação.
A mais famosa é a Teoria das Cordas com as suas ainda mais famosas 10 dimensões adicionais. Mais ou menos as mesmas dimensões que tem a Teoria das Supercordas, em função da variante concreta ou a que tenta aglutiná-las a todas elas, a Teoria M.
A Gravidade Quântica e a Gravidade Quântica em Loop (LQG por Loop Quantum Gravity) competem com a anterior Teoria de Cordas, mas têm menos seguidores.
Menos conhecidas, mas mais simpáticas, são as correntes de Interpretação Transacional e a Interpretação dos Muitos Mundos ou Mundos Múltiplos.
A Interpretação Transacional argumenta que não fotão há uma onda que está adiantada no tempo e outra em sentido contrário viaja atrás no tempo. Consequentemente, desaparece a lógica do efeito-causa e aparece algo novo que se chama lógica quântica, mas que eu chamaria de outra forma...
A Interpretação de Muitos Mundos opina em relação ao colapso da função probabilística de onda que, ao manifestar-se uma realidade concreta, os objetos das probabilidades não efetivamente realizadas serão as realidades concretas noutros mundos ou universos paralelos.
Eu tenho uma leve suspeita de que demorará em demonstrar-se empiricamente qualquer uma das últimas teorias citadas ainda que, à vista de outras já supostamente comprovadas, poderia acontecer qualquer coisa.
Como se pode observar, esta revisão do desenvolvimento histórico da Mecânica Quântica é muito breve e orientado à finalidade deste livro; por um lado, explicar e reconhecer tanto os êxitos conseguidos e a sua impressionante complexidade matemática como as suas enormes lacunas ou fraquezas e, por outro lado, propor soluções lógicas sobre a interpretação física da realidade, de forma a que a matemática utilizada obtenha a coerência que merece.
A Física de Partículas é um ramo muito jovem da ciência e em pleno desenvolvimento e, por isso, seguramente carece de uma base sólida e estruturada das suas contribuições para o conhecimento científico.
Seguindo a lógica quântica do ser e do não ser, espero que agora tenha aumentado a probabilidade de entender o espírito positivo da apresentação das seguintes características negativas da Mecânica Quântica.
Natureza discreta da realidade.
Esta propriedade das coisas está em consonância com o conceito grego de átomo. Outra questão é que se atribua a mesma natureza discreta a conceitos abstratos como o espaço, o tempo, a força e a velocidade.
Aceitação da magia.
Baseia-se na força de campos virtuais com propriedades pontuais sem causa material ou tangível, por muito pequena que seja. Isto é, entre muitas outras coisas mantêm-se as forças à distância que tanto incomodavam Newton.
Influência da matemática.
Na verdade, a Física Quântica mais que uma teoria física é uma teoria matemática que tenta descrever a realidade renunciando a entendê-la.
Se no modelo matemático de partículas elementares não cabem propriedades necessárias de um objeto com massa, então se diz que a partícula não tem massa. O mais curioso é que também não dizem que tenha outra coisa deste mundo e que se lhe continue chamando partícula!
Se alguma coisa surge do nada, chamam-lhe partículas virtuais, e toda a gente fica satisfeita, como os bósons W e Z, cuja existência foi provada em 1983 no acelerador do CERN de Genebra; depois da sua previsão pelo Modelo Standard como bósons intermédios para explicar, por sua vez, outras partículas.
Lógica quântica.
Como a lógica prima pela sua ausência, por diversas vezes se utilizou este novo termo pela própria comunidade científica.
Um exemplo da nova lógica quântica pode ser o que se diz na Wikipédia ao falar dos Bósons W e Z virtuais “... que pelo meio houve uma assimetria de massa-energia tão breve que é como se a realidade nem se apercebesse dela. ”Outros exemplos podem ser o aparecimento de teorias com muitas dimensões, mundos e viagens no tempo.
Chega-se ao extremo de dizer que o cérebro humano não evoluiu para entender a realidade. Enfim, suponho que será por causa da lógica quântica ou para descrever tipos de cérebros especiais. Como os que só utilizam um por cento da sua capacidade!
Teoria não provada nem demonstrada.
Apesar de todos os avanços tecnológicos, a Mecânica Quântica não é uma teoria física provada nem demonstrada mais além do seu caráter descritivo da realidade observada, de fato, não é nem sequer uma teoria física, é um ramo da Física que estuda a estrutura da matéria com uma perspectiva particular na qual convivem diversas teorias alternativas.
Para além disso, à margem de algumas tentativas recentes de caráter mais filosófico do que científico, todas elas são incompatíveis com a Teoria da Relatividade de Einstein.
Em suma, a Mecânica Quântica tem grandes contradições internas e parece que, pelas novas propostas, há consenso em que se encontra numa fase de possíveis grandes mudanças ou reestruturação importante em curto prazo.
Contudo, eu penso que o fenômeno quântico está na moda e se está a expandir em áreas da filosofia do ser e do tempo, aproximando-se por vezes ao conceito de deus quântico.
Umas vezes as coisas são difíceis de entender, outras de explicar, talvez a história quase real da pequena Molwick, num curso de lógica quântica para crianças especiais seja ilustrativa.
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