3.b.2. Crítica da teoria de Darwin
A teoria darwinista considera como motor da evolução a adaptação ao meio ambiente derivado do efeito combinado da seleção natural e das mutações aleatórias.
Uma breve descrição da teoria de Darwin pode encontrar-se no título 9.
A pesar de ser geralmente aceite, colocou desde o início bastantes problemas do ponto de vista científico. Antes de entrar na sua enumeração, vou analisar por que se impôs a Teoria de Lamarck ou outras de natureza semelhante. No final deste apartado, depois da citada enumeração, comentarei as dificuldades atuais para a sua rejeição ou substituição.
Na segunda metade do século XIX, o racionalismo humanista tinha-se estendido a todos os ambientes científicos e encontrava-se em pleno apogeu. Já existiam suficientes indícios de que a idade da terra era muito maior do que se tinha pensado, fazia falta uma teoria de caráter científico que enquadrasse o ser humano na história do planeta.
Claro, a nova teoria da evolução tinha que cumprir uma condição aparentemente científica, tinha que afastar-se completa e radicalmente das ideias religiosas que tantos obstáculos tinham criado ao desenvolvimento científico dos últimos séculos. Os velhos problemas de Galileu e Miguel Servet não se tinham sido esquecidos pela comunidade científica; esperemos que não se esqueçam de nunca!
A Teoria de Lamarck parecia muito lógica e razoável, mas padecia de um problema, estava dando protagonismo à vida fora da dimensão humana, havia algo no interior das plantas e animais que evolucionava de forma consciente e dirigida perante modificações meio ambientais.
Por um lado, a poderosa influência das ideias religiosas, ainda hoje subsiste, não podia permitir o monopólio da espiritualidade; e, por outra, a comunidade científica não ia entrar em conflito abertamente com os poderes fáticos religiosos para deslocar a vida consciente e inteligente para uma escala interna aos organismos vivos, diferentes deles mesmos. Além disso, não havia provas científicas da sua existência. Neste caso, poderíamos falar de tese, antítese e síntese, qualquer teoria que solucionasse as contradições da época, com um mínimo de rigor nas suas considerações, sem sombra de dúvidas, triunfaria.
Neste contexto surgiu a Teoria Darwinista, mostrando claramente os efeitos da evolução das espécies, do ponto de vista científico não havia nenhuma dúvida razoável de que o homem descende do macaco, e que saibamos ninguém colocou em dúvida fora do âmbito estritamente religioso como é a Teoria Criacionista. De fato, até as confissões religiosas predominantes não atacam diretamente a Teoria Darwinista.
Outro aspecto curioso é que o título da obra de Darwin refere-se à “evolução das espécies” e não à “evolução vida” pelo que se evita ter que definir a vida, isto não deve ser nada fácil, porque não se sabe muito bem se a existência da vida tem caráter científico, ou antes, filosófico.
Não se trata de negar ou diminuir a grande contribuição de Darwin para o pensamento moderno no sentido antropológico, mas sim de delimitar a extensão da sua teoria e evitar que implicações errôneas ou defeituosas tenham efeitos negativos no desenvolvimento da sociedade. Convém assinalar que qualquer teoria sobre a evolução tem inumeráveis consequências sobre o pensamento filosófico e social, que impregna vários posicionamentos e atuações individuais; por exemplo, diferentes aproximações a certos problemas de justiça social ou à eficiência de um determinado sistema educativo.
Além dos pontos fracos mencionados abaixo, a seção 6. A evidência empírica lista experimentos que contradizem a teoria de Darwin e outros que apoiam a Evolução Condicional da Vida -ECV.
Os pontos débeis desta teoria são numerosos e encontram-se inter-relacionados; não obstante, vamos tentar indicá-los por ordem de importância de uma perspectiva metodológica ainda que isso signifique mencionar algum tema repetidas vezes por colocar problemas de diferente natureza:
A teoria darwinista da seleção natural tenta explicar o desaparecimento de modificações genéticas não ótimas pela falta ou menor adaptação dos indivíduos ao meio, mas não diz nada da origem das modificações nem dos processos em que se levam a cabo.
Implicitamente está negando ou reduzindo à sua mais mínima expressão o próprio conceito de evolução uma vez que os novos seres se compõem da mesma informação genética que os seus antecessores, com supostas mutações que podem ter um efeito tanto positivo como negativo. O processo da evolução não se situa nas mudanças na informação genética, mas sim no desaparecimento das mudanças menos favoráveis. No seu tempo não existiam conhecimentos genéticos, mas sabia que algo se transmitia de umas gerações para outras.
De forma indireta assume-se que onde não há seleção natural não há evolução.
O argumento central da seleção natural ou dito de outra forma “o que existe é porque sobreviveu ou não desapareceu” é uma tautologia pelo que não há forma humana de negá-lo. A única crítica possível a esta argumentação é assinalar a falta de rigor científico na mesma.
O modelo, assim configurado, só funciona em longo prazo na nossa escala física, logo elimina a evolução a curto prazo e assim surgem ideias como que o homo sapiens nos seus momentos iniciais tinha praticamente a mesma capacidade intelectual que na atualidade, estando completamente estendidas nos nossos dias. Com isso, a única coisa que se consegue é agudizar artificialmente a problemática dos saltos evolutivos.
De forma implícita, a teoria darwinista está assumindo a aleatoriedade das modificações genéticas, daí o nome geralmente usado de “mutações aleatórias”, e negando a existência de um verdadeiro motor da evolução. Sem nenhuma prova científica e quando a lógica parecia indicar o contrário.
Obviamente Darwin não demonstrou cientificamente a aleatoriedade em todos os casos das variações na informação genética, também não se demonstrou posteriormente, tomou-se como um axioma.
Que eu saiba ainda não nos disseram que distribuição estatística seguem as incertas mutações, será a distribuição uniforme ou a normal, a de Poison ou a de Ficher. Sem dúvida, um grande segredo da ciência ou mistério metafísico.
Nos determinados pressupostos, o método de evolução mediante mutações ou modificações aleatórias pode ser aceitável; está demonstrado que algumas bactérias produzem bactérias diferentes em pequeníssimas proporções, mas que permite que se mudem as condições meio ambientais, como a acidez do meio em que vivem, sejam estas a sobreviver e depois de numerosas gerações sejam as que componham a nova população de bactérias e, ao mesmo tempo, produzam uma pequeníssima proporção de bactérias como as iniciais que, quando necessário, voltariam a permitir a sobrevivência da espécie.
Este é o típico exemplo que se utiliza para “demonstrar” a teoria de Darwin, mas é um caso muito particular no qual a descendência se produz em quantidades gigantescas e as gerações se produzem a uma velocidade também muito grande.
Também não está completamente livre de críticas este exemplo, pois as pretendidas mutações ou modificações aleatórias não são modificações aleatórias de umas quantas letras ou unidades elementares de ADN, mas sim que bem poderiam entender-se como modificações pré-estabelecidas e gerais em uma ou várias partes do ADN que forma um conjunto eficaz, em relação a características distintas do novo ser, e preservando o código estrutural na sua integridade. Ou seja, o fato de utilizar certamente o mecanismo da seleção natural, não implica por si mesmo que não se utilize outros mecanismos para gerar a diversidade da descendência.
Além disso, a seleção natural não consegue eliminar a variante supostamente menos adaptada visto que esta linha evolutiva se mantém como expõe o mesmo exemplo.
Mas o mais grave é o fato de que depois de aceitar como demonstrado que as mutações são aleatórias se aceita como demonstrado o contrário, que as mutações são aleatórias, mas por grupos perfeitamente delimitados e com pontos de entrada específicos; o que seria absolutamente incompatível com a primeira aleatoriedade tão “demonstrada” seguindo o método científico.
Já houve críticas acerca da falta de método científico desta teoria, em concreto pode-se classificar como teoria suportada pelo método indutivo a partir da observação de determinados fatos e tirar inferências sobre a generalidade.
O método indutivo é perfeitamente válido, mas a generalização que efetua deve cumprir com certos requisitos. Um deles é que qualquer exemplo que não cumpra a teoria implica a sua refutação. A este respeito, podemos citar os seguintes casos:
As mudanças genéticas que estão a conseguir as novas técnicas não têm caráter aleatório, mas sim dirigido e, além disso, o mecanismo da seleção natural não está provocando o aparecimento de novos seres como os presentes a agricultura atual. Poderia discutir-se se estas mudanças realizadas pelos humanos são ou não naturais, mas há que ter em conta que os humanos, salvo prova em contrário, formam parte da natureza tal como os vírus. Supondo que o parágrafo seguinte fosse admitido, não se poderia alegar que as mudanças que provocam os vírus não são naturais.
Do mesmo modo, conhecemos que os vírus fazem mudanças no ADN das células invadidas para se reproduzirem a si mesmos. Não seria de estranhar que possam realizar outro tipo de mudanças, por exemplo com a finalidade de enganar o sistema imunológico no futuro; nem que alguma destas modificações se transmita ou que não se transmitam algumas das reações do organismo no âmbito genético como defesa perante estas agressões.
Recentemente estão aparecendo novos conhecimentos ** da evolução genética que contradizem abertamente a Teoria Darwinista. São tão numerosos que não se podem mencionar, alguns deles estão distribuídos por todo este livro em forma de citação literal de notícias que foram aparecendo com posterioridade à formulação inicial da Evolução Condicionada e, na maioria dos casos, da própria redação do livro.
Esta teoria, por outra parte, importantes carências na hora de explicar a realidade. Darwin tentou, sem êxito, dar um sentido mais amplo que o da pura especialização de certas tarefas à diferenciação sexual porque intuía que tinha que o fazer; mas a sua teoria não oferece nenhuma explicação, exceto a de que deve ser um dos melhores métodos de evolução e por isso existe.
Claro que também não explica por que a descendência em animais superiores de indivíduos geneticamente muito próximos como o caso de irmãos não é viável ou apresenta graves deficiências.
Dá-me a impressão de que a seleção sexual, sobre a que Darwin escreveu um livro, vai conceptual e diretamente contra a seleção natural, já que a primeira explica a tendência evolutiva enquanto a segunda só explica a eliminação de algum ramo da efetiva tendência evolutiva.
Qualquer granjeiro sabe perfeitamente a grande proeminência da seleção sexual em relação à seleção natural. Não é de estranhar que para convencer da não relevância da seleção sexual Darwin tivesse que ir às ilhas Galápagos, onde não havia nenhum granjeiro que lhe corrigisse abertamente a importância e extensão das suas afirmações.
A ironia da evolução da vida faz com que à seleção sexual, de semental ou de semente, os engenheiros e granjeiros atuais chamem seleção natural. Sem dúvida, uma conquista ou mais uma adaptação da Teoria Darwinista.
Outra carência importante é a quase impossibilidade de se produzirem os denominados saltos evolutivos, é difícil argumentar logicamente uma mudança a estrutura básica do código genético através de mutações. A única opção é recorrer outra vez em longo prazo, com a vantagem acrescida de que quando falamos de largo prazo, automaticamente perdemos a noção temporal. Contudo, o próprio conceito de salto evolutivo impede-nos de utilizar o longo prazo em termos evolutivos.
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Outros aspectos relacionados com a diferenciação sexual e os saltos evolutivos, tratados no apartado sobre os objetivos da evolução e que fazem parte da argumentação principal da teoria da Evolução Condicionada da Vida, encontram-se totalmente ausentes das considerações de Darwin. Isto faz sentido pela diferença temporal de ambas; mas, como citarei mais à frente, nem a Teoria Neodarwinista nem a teoria sintética dizem nada em relação a isso. Pelo contrário, não existem. A vida no âmbito científico não tem nenhum objetivo nem sentido algum!
Perante os pontos anteriores, devem existir razoes poderosas para que esta teoria se tenha mantido ao longo de todo o século XX com pequenas modificações conceptuais proporcionadas pela corrente denominada Neodarwinista e pela Teoria Sintética. De fato, estas modificações supõem uma mera atualização da Teoria Darwinista em função das novas descobertas científicas na matéria como veremos ao falar delas. Por isso, para a população em geral, a teoria base continua a ser a Darwinista.
Algumas destas poderosas razões são semelhantes às que tornaram possível a sua aceitação. Se antes comentei s requisitos formais de independência de uma teoria científica de qualquer teoria filosófica ou religiosa, nos nossos dias este requisito continua a manter-se, mas com uma agravante, refutar agora a Teoria Darwinista suporia, nalguma medida, que não só o racionalismo dos séculos XVIII e XIX, mas sim toda a comunidade científica do século XX cometeram um grave erro ao requerer e aceitar no seu seio uma teoria tão débil. Uma vez mais os filósofos têm a sua parte de razão e o método científico não é infalível; ao que haveria que acrescentar, e sobretudo se não se aplica corretamente.
A novidade fundamental da Evolução Condicionada é a consideração da evolução como um mecanismo interno de melhoria dos seres vivos que se transmite à descendência e que, dada a complexidade dos aspectos envolvidos, utiliza múltiplos sistemas, métodos ou procedimentos, configurando-se para cada caso em função das suas condições particulares.
Para um grande sector da sociedade, a aceitação da Evolução Condicionada, ou de qualquer outra teoria que suponha a existência do mencionado mecanismo interno de melhoria dos seres vivos, suporia um passo atrás. Reconhecer cientificamente que parece existir uma evolução inteligente, dirigida do próprio interior dos seres vivos, soa a uma concepção religiosa da vida, altera o fato diferenciador do ser humano, e ataca o prazenteiro egocentrismo da espécie humana, por outras palavras é totalmente inaceitável por princípio.
Outro grande sector da sociedade mantém as suas ideias religiosas, consequentemente, os comentários do parágrafo anterior são igualmente aplicáveis; com as mesmas palavras, é totalmente inaceitável por outro princípio.
Dito de outra forma, a Teoria de Darwin é uma teoria muito conveniente socialmente falando, tendo uma forte componente idealista dado que ao negar a evolução a curto prazo não compromete a fixação no âmbito genético de determinadas características relacionadas com a desejável igualdade de oportunidades.
Neste sentido, realizaram-se esforços para manter em vigor a essência da teoria. Contudo, as debilidades mencionadas nos pontos 1) a 5) anteriores mantêm-se praticamente, apesar de que, com a introdução da genética e os conhecimentos derivados de outros avanços da ciência, pode falar-se de evolução a curto prazo, mas sempre na escala microscópica. Estas atualizações levaram-se a cabo principalmente mediante primeiro, a denominada corrente Neodarwinista e, depois, a Teoria Sintética; ainda que esta última tente distanciar-se um pouco mais, a meu ver, não consegue.
As atualizações foram possíveis em grande medida devido a que continuamos sem ter provas contundentes da natureza não aleatória das modificações da informação genética e a que o termo “seleção natural” leva-se, por vezes, a uma generalização quase absurda pelo seu conteúdo tautológico.
Por seu lado, todo o desconhecido foi sendo considerado a priori aleatório, inclusivamente contra a lógica. Também esta tendência está diminuindo ou limitando-se, à vista das explicações, baseadas na teoria do caos e as estruturas fractais, de fatos que pareciam totalmente aleatórios com anterioridade (diga-se de passagem, o contrário ao famoso exemplo da borboleta).
Apesar da maior compreensão da diferenciação sexual em relação à sua diferença com a evolução em linha e em relação à igualdade sexual no social do ponto de vista científico; a falta de explicações satisfatórias do apontado nos pontos 7) e 8) anteriores, faz com que, por via metodológica, nos campos da biologia e da genética se esteja questionando cada vez mais a essência da teoria darwinista. Em qualquer caso, será dificilmente compatível com a teoria da seleção natural qualquer explicação racional dos fatos a que se referem os referidos pontos.
Sempre houve autores que não partilham a visão dominante, ainda que não tenham conseguido formalizar uma teoria alternativa à mesma capaz de deslocá-la e, por outro lado, a manifestação expressa desta postura implica de alguma maneira, ainda que cada vez menos, uma marginalização profissional, e o risco de ser acusados de ser próximos a determinadas ideologias, que não têm nada que ver com uma postura científica ou contrária; sem dúvida, isto se deve às aparentes repercussões filosóficas e sociais que podem implicar as diversas teorias. Digo aparentes, porque a realidade não vai mudar por se explicar melhor de ou outra forma.
Este risco sofrerá em maior medida a Evolução Condicionada da Vida, para citar como exemplo recorrente a herança da inteligência. Quero aproveitar esta ocasião para manifestar, em defesa deste exemplo, que foi a causa, se não principal pelo menos direta, do desenvolvimento da presente teoria e, portanto, não tendo escolhido com a finalidade de chamar a atenção. Além disso, é difícil conseguir modelos de evolução que possam ser verificáveis estatisticamente.
A lista de autores seria demasiado longa mas podemos citar especialmente Adam Sedgwick (1785-1873), eminente geólogo inglês, por ser um dos primeiros que, independentemente do seu ataque a Darwin por motivos religiosos (educado na Teoria Criacionista dominante na sua época), depois de ler a sua teoria expressou o seguinte:
"You have deserted-after a start in that tram-road of all solid physical truth-the true method of induction..."
Que diz que Darwin, depois de um começo na senda da pura realidade física, abandona o verdadeiro método indutivo...
Adam Sedgwick, apesar da sua educação criacionista, não se opunha à evolução ou desenvolvimento no seu amplo sentido. Ele pensava que a Terra era extremamente velha, como Darwin reconhece nos seus apontamentos das aulas que teve com o próprio Adam Sedgwick na universidade.
Contudo, Adam Sedgwick acreditava na criação Divina da vida durante longos períodos de tempo. Visto que também dizia que a evolução era um fato da história. As suas objeções principais à teoria de Darwin eram de caráter amoral e materialista da seleção natural e o abandono do método científico.
Em conclusão, a Evolução Condicionada entende que a seleção natural é um método de evolução mais, mas nem único, nem geral, nem o mais importante. E, do ponto de vista conceptual, este método produz-se em momento posterior às mudanças na informação genética que formam a verdadeira evolução.
Na página Darwinoutro e a evolução da inteligência deste livro explica-se o Estudo EDI, comentam-se os impressionantes resultados que confirmam a ECV, e propõe-se a experiência de Darwinoutro para verificar os extremos citados da nova teoria científica, com uma metodologia muito mais simples tanto na sua realização como na sua compreensão.