MOLWICK

Seleção sexual

Simulação estatística da hipótese de seleção sexual ou seleção de par na evolução da inteligência. A simulação estatística confirma a do algoritmo de otimização que representa a seleção sexual.

Capa do livro O Estudo EDI. Crepúsculo sobre o mar com nuvens, Galiza.

 

EVOLUÇÃO E DESENHO DA INTELIGÊNCIA

O ESTUDO EDI

Autor: José Tiberius

 

 

7. Seleção sexual

A análise de sensibilidade do Modelo Global gera um novo conjunto de valores da simulação estatística da evolução da inteligência. A descrição e os bons resultados obtidos foram comentados no apartado que denominamos Modelo Globus, agora a esse modelo acrescenta-se uma hipótese de seleção sexual típica da evolução biológica de Darwin ainda que nos encontremos num paradigma evolutivo diferente.

Convém assinalar que na página sobre Evolução da Inteligência do livro da Evolução Condicionada da Vida, se explica a nova experiência de Darwinoutro, ainda sem realizar, para confirmar os resultados do Estudo EDI – Evolução e Desenho da Inteligência com uma metodologia diferente, baseada precisamente no efeito sobre a evolução da inteligência dos mecanismos genéticos existentes graças à diferenciação sexual.

A seleção sexual ou de marido/mulher como mecanismo auxiliar da evolução biológica foi um paradigma desde os primeiros desenvolvimentos da teoria da evolução. O próprio Darwin escreveu A Origem do Homem e a Seleção Sexual (1871) introduzindo um novo fator, a seleção sexual, mediante a qual as fêmeas ou os machos escolhem como marido/mulher os que apresentem qualidades mais atrativas.

Darwin tinha razão quando dizia que a escolha das qualidades mais atrativas, não deixa de ser outra tautologia.

A inteligência é, sem dúvida, uma dessas qualidades desejáveis por diversas razoes. No entanto, do ponto de vista do nosso modelo, não se trata de impor uma hipótese geral de seleção sexual ou de marido/mulher, como a mencionada por Darwin visto que os dados do QI da mãe e do pai estão fixados.

Refletindo sobre a possibilidade de estabelecer alguma hipótese adicional ao Modelo Global que melhore o seu ajuste e, ao mesmo tempo, se veja confirmada, ocorreu-me experimentar a ideia da relevância da diferença de inteligência entre o pai e a mãe como condicionamento para a efetiva aceitação inicial da configuração do casal ou seleção sexual.

Hipótese adicional Inteligência e seleção sexual
Gráfico de barras sobre o requisito de compatibilidade média da inteligência na hipótese adicional de seleção sexual.

Sinceramente penso que a inteligência não é um requisito na hora de escolher marido/mulher ou seleção sexual no sentido evolutivo, mas da mesma forma acho que não é comum que exista uma grande diferença na mesma. Depois poderia pensar-se nalgum tipo de algoritmo de otimização que represente a condição assinalada em relação à seleção sexual ou seleção de marido/mulher.

Esta pequena dissertação de psicologia evolutiva complica-se ao pensar que na realidade temos duas inteligências, as correspondentes a cada um dos nossos progenitores e operando sob diversas formas ou condições, como já vimos. Talvez possamos aprofundar um pouco o que enunciou Darwin sobre seleção sexual em relação à evolução da inteligência.

Para sermos breves, a hipótese adicional introduzida em relação à seleção sexual no Modelo Global será a de estabelecer como limite da diferença em inteligência a de que o gene mais potente de um membro do casal há-de ser no mínimo tão potente como o menos potente do outro membro e vice-versa.

A justificação psicológica baseia-se em que não exigimos a mesma inteligência a uma pessoa que conhecemos, mas para formar casal (seleção sexual) exige-se que, pelo menos, a outra pessoa acompanhe a conversa de forma aceitável. E isso, pode consegui-lo com um só gene ou cromossomo, visto que para seguir outro argumento não é necessário ter certeza, de fato, a certeza derivada da Verificação lógica de Informaçaõ é oferecida pelo argumento inicial oferecido pelos dois genes da pessoa que fala em primeiro lugar.

Análise de sensibilidade
Modelo Globus sem seleção sexual
Gráfico do Modelo Globus ou análise de sensibilidade do Modelo Social à evolução em uma geração. Caso da variável X6.

Ainda que a explicação de psicologia cognitiva possa não ser muito extensa, o importante aqui é que o modelo de simulação estatística da evolução da inteligência melhora substancialmente o seu ajuste ao introduzir esta hipótese de seleção sexual ou de marido/mulher. O livro da Teoria Cognitiva Global aprofunda esta argumentação.

A hipótese de seleção sexual afetará unicamente os genes M2 ou P2. estes são estimados dado que os QI medidos recolhem a potencia do gene significativo ou menos potente, portanto, as estimativas de M2 e P2 mudarão à luz da nova informação ou condição introduzida no modelo.

O Modelo Global com seleção sexual melhora algo com as variáveis individuais (Teste de Otis de pais e mães e Teste de inteligência escala Wechsler e Stanford-Binet dos filhos), mas o efeito nota-se muito mais com as variáveis centradas. O ICMG, com o critério de ordenação M1P1°, passa de 15,61 a 17 e o máximo de 0,89 a 0,97 para a função objetivo (ver gráficos q563 e q589). Para a função objetivo M&P o ICMG situa-se em 17,62 quando antes estava em 17,77 e o máximo sobre também de 0,89 a 0,97. Como quase sempre, os valores máximos de correspondem à variável X6 ou média de 6 variáveis dos filhos.

A análise de sensibilidade efetuada com os algoritmos de otimização e unicamente com a variável X6 no subapartado de “Evolução interna” do apartado de “Simulação da complexidade do modelo real” obtém-se o gráfico seguinte do Modelo Globus (sem seleção sexual)

Repetindo a mesma análise de sensibilidade efetuada com a variável X6 com a hipótese adicional de seleção sexual ou de marido/mulher em relação ao limite de inteligência aceitável na hora de formar casal obtém-se o gráfico de correlação e regressão múltipla do Super Modelo Globus mostrada a em seguida, dela podemos ressaltar os seguintes aspectos.

  • Dos quatro picos do gráfico de correlação e regressão múltipla, um mantém-se e os outros três deslocam-se para cima.

  • As correlações dos quocientes de inteligência previstos pela função objetivo R ° e com a função M&P são muito mais semelhantes que antes. No computo total a função R ° sobre ligeiramente e a M&P baixa ligeiramente.

Modelo de quadro estatístico para a análise de sensibilidade do modelo de evolução da inteligência os parâmetros de evolução interna com a hipótese adicional de seleção sexual em relação ao limite mínimo de inteligência aceitável na hora de formar casal.

Análise de sensibilidade
Modelo Globus com seleção sexual
Gráfico do modelo com dados reais de filhos, pais e mães e previstos para filhos pela ECV.

Uma interpretação certa destes resultados é quase impossível dada a margem de sensibilidade às mudanças introduzidas tendo em conta que unicamente dez dos setenta quocientes de inteligência da função R ° foram afetados pela hipótese de seleção sexual em ais de dois por cento do seu valor, mas, tentando dar uma explicação positiva dos dois aspectos mencionados poderia dizer:

  • Em relação ao primeiro, que parece que o modelo melhora quando os parâmetros do mesmo são corretos e que piora quando os parâmetros são fictícios, o que reforça tanto o Modelo Global como a hipótese introduzida de seleção sexual.

  • Em relação ao segundo, que a função R ° melhora ao incorporar informação adicional na sua definição, enquanto que a função M&P, apesar dos seus picos, baixa ao não incluir na sua composição o efeito da hipótese introduzida sobre os genes M2 e P2 visto que só inclui informação de M1 e P1 que são os quocientes de inteligência conhecidos, o que faz todo o sentido do mundo.

Por outro lado, há que assinalar que a função R ° melhora os seus resultados como função objetivo, mas não assim como critério estatístico de ordenação. Este fato pode compreender-se se pensamos que por tratar-se de valores médios das diferentes possibilidades o modelo estatístico incorpora as diferenças devidas à combinação genética mendeliana em maior medida que o critério estatístico M1P1 °.

O raciocínio é semelhante ao que acontece com a variável W que em muitos casos apresenta correlações muito altas, mas que como critério estatístico de ordenação normalmente é péssimo, porque incorpora tanto os efeitos da combinação genética mendeliana, das limitações funcionais devidas a problemas genéticos e da afinidade como do resto de desvios devidos à simulação dos processos de erros de medição e expressão. Da mesma forma, as variáveis dos filhos costumam ser muito bons critérios estatísticos de ordenação porque não incorporam os desvios devidos à combinação genética mendeliana, as de afinidade, as da evolução interna nem as das limitações funcionais.

Convém sublinhar que se a hipótese de seleção sexual introduzida fosse incorreta o ICMG do Modelo Super Globus poderia baixar consideravelmente. Inclusivamente para pequenas mudanças, como se pode verificar no seu gráfico da análise da sensibilidade aos parâmetros de evolução interna para a variável X6, no qual um por cento de aumento do potencial a transmitir pelos pais ou pelas mães faz cair drasticamente o citado ICMG.

Recorda-se que o Modelo Globus é simplesmente uma forma de representação num gráfico da parametrização da evolução no Modelo Globus e o Super Modelo Globus refere-se à introdução da hipótese de seleção sexual.

Em resumo, a hipótese proposta de seleção sexual em relação à evolução biológica e herança ligada ao sexo do Modelo Globus parece razoavelmente correta. A coerência da análise de correlação do Modelo Globus melhora em geral e para as variáveis centradas com o critério de ordenação M1P1° as correlações aumentam sensivelmente.